terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Sombrio ser


Obscura criatura aprisionada,
Obscuro ser que se esconde,
Rompa as frias correntes,
Fuja das mãos que prendem,
Saia debaixo do manto negro,
Corra dessa sombra que lhe cai,
Não deixem mais que lhe cortem,
Não deixem mais que lhe riam,
Não és menos por ser como és.
Sua escuridão é o seu dom,
Sua arte é o seu negro tom,
Mas não corra da claridade,
Não esconda-se na escuridão,
Mereces ser visto, não como bizarro,
Mas como ser amigo, ser irmão,
Quem lhe vê de outro jeito
esconde na pele um ser sombrio,
Escolhe na pele um semelhante teu.

Então, meu amigo, não temas mais a claridade,
Então, meu irmão, venha a nós,
seres da luz,
Seus olhos arderão a principio, seu coração queimará,
Mas
logo acostumará e verá, como é bela a vida clara,
Onde não se escondem
faces, onde não há máscaras.
Venha, doce ser sombrio, não esconda seu acre
sabor.

À morte

Não era como os outros,
Não era como ninguém,
Não agia como aqueles,
Não amava o que amavam,
Não ouvia o que ouviam,
Não pensava como pensavam,
Sentia a dor de outra forma,
Como alívio – não como prazer
Para ele a vida era sombria,
A morte – a única saída,
Até nascera de outra forma,
A mãe não o dera à luz,
O entregará à escuridão, à vida,
E agora esperava, só esperava,
O dia certo, a hora chegar
Para que então se entregasse à luz,
À luz do outro lado,
À paz do sono eterno,
À morte!

 
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